sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Inspiração (Cecília Meireles)




Sou entre flor e nuvem,

estrela e mar.

Por que havemos de ser unicamente humanos,

limitados em chorar?

Não encontro caminhos

fáceis de andar.

Meu rosto vário desorienta as firmes pedras

que não sabem de água e de ar.

E por isso levito.

É bom deixar um pouco de ternura indiferente

de herança, em cada lugar.

Rastro de flor e estrela,

nuvem e mar.

Meu destino é mais longe e meu passo mais rápido:

a sombra é que vai devagar.

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